terça-feira, 12 de abril de 2011

12 de janeiro de 2011. Transformar para fluir...



















Sabe aqueles cinco minutinhos a mais que imploramos ao despertador ao acordar?  Pois é, esses cinco minutinhos quase me fizeram perder a canoa. Ligeiro atraso, mas a tempo de ver o sol despontando lá pelos lados de Niterói. Um mar verde de águas claras e tranquilas me esperavam... eu e mais um tanto de remadores.
Canoa pesada respeitando a maré nada generosa. Carol fez uma voga lenta, bom para treinar a sensação da pá puxando a água, do tronco girando, dos pés firmando o fundo da canoa. O devagar das coisas serve para vermos as coisas. Exatamente isso.
Mas essa energia lenta foi de encontro ao desejo de um e de outro de mais velocidade. É justo esse desencontrar, as pessoas têm ritmos diferentes. Mas na canoa não tem muita escapatória, quem dita o ritmo é o banco um, a sutileza da sincronia é o respeito a isso. Eu, particularmente, tive muita dificuldade em encaixar, estava dispersa. Ajudei a pesar o navegar.
Parada básica no posto 6 e na volta tudo mudou. Inclusive a canoa. Troquei com o Guilherme e voltei na canoa individual vermelha da Aline. Puxa vida, canoa tem que ter nome... Canoinha justa, uma agulha no mar, singrando leve, como deve ser o navegar.
Minha falta de sincronia e dispersão foram se transformando e em pouco tempo voltei ao mar. Voltei à conversa de ontem à noite com o Comandante e Flavinha justamente sobre navegar. Saudade de levar a conversa desses dois para as águas. Lembrei do Comandante falando sobre as marés e suas leituras. A leitura que mais gostei foi a zen... paramos de remar e observamos para onde vai a canoa. Assim desvendamos a direção. A descrição das diversas faces do ondular, feita pela Flávia, ontem me encheu do desejo de navegar. Quase por um descuido esqueço das sensações, mas a descrição voltando à tona me trouxe de volta.
Transformar para fluir, essa é a sabedoria da vida.
A minha volta hoje foi a mercê da corrente e dos pensamentos. Por um segundo pensei que me distanciava da verdadeira sensação do navegar, do se deixar levar, do observar...do zentir...
O Leme está povoado de embarcações na pesca da lula. Muitos barcos, muitos bom dia. Alguns pescadores conhecidos, outros não. E assim fui fluindo, navegando.
Desembarque tranquilo na beirada da Praia Vermelha com a ajuda da Carlota e da Aline. Assim tudo flui mesmo, sem sequer haver esforço.
Para o resto do dia continuou um sol que nasceu já castigando as beiradas, prometendo um calor de verão. Bom que foi sem vento na hora da remada, ruim que vai ser sem vento pelas ruas do Rio. Não posso deixar de falar do lixo, este abundante sobre as águas verdes. Uma dó! As fotos vêm depois, hoje tudo há de fluir mais lento...

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