quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Mundial de Va a em Mooloolaba Australia 2.019

Poderíamos falar sobre os resultados do mundial, afinal viemos para o campeonato de maratona mais importante no mundo do va a. Um mundial onde até agora conquistamos uma medalha de bronze com Paulo Reis na categoria 40+ v1. Disputa acirradíssima entre Tahiti Brasil e Havaí numa chegada emocionante!
Poderíamos falar dos demais resultados das equipes brasileiras que também têm o mesmo mérito de um pódio pelo principal fato da conquista deste lugar de participar.
Poderíamos falar sobre nosso resultado, onde em uma condição única em todo o campeonato enfrentamos ventos que formavam ondas em um down wind lateral que congelava nossos ossos. Quase ao chegar na última bóia, quando venceríamos o pior trecho, o barco de apoio se aproxima e fala algo que o barulho do motor, o vento e a concentração de todas para nos manter navegando sobre as águas, não nos deixou ouvir. Quando percebemos que era para retornar, vivemos o maior huli de nossas histórias, um huli psicológico do desconhecimento da existência de corte. Retornamos e o comando foi o de remar com a mesma intensidade e paixão que nos trouxe até aqui. Todas sabemos das dificuldades de cada uma de atravessar o Pacífico para estarmos entre os melhores. Sendo assim, realizamos, ainda que nos tenha faltado 500 metros para completar os 24 kms.
Agora chegamos onde queremos falar. Dos melhores. Estar aqui entre os melhores têm um significado diferente de simplesmente competir. É o momento de troca. O momento de adquirir conhecimento e conhecer culturas diferentes. Sobre isto queremos falar. E quando falamos sobre os melhores, falamos sobre os melhores em comportamento esportivo, sobre a verdadeira índole de um atleta.
Queremos falar sobre a musicalidade dos tahitianos cantando e tocando durante todo o evento entre as barracas de alimentação; queremos falar sobre a humanidade da campeã do mundo de v6 em me vestir sua medalha de ouro, querida Make; queremos falar sobre a generosidade de Corina, grande técnica da Nova Zelândia, ao nos conceder uma aula sobre virada de bóia simplesmente porque nos apresentamos com suas fãs dos tutoriais que seguimos no youtube; queremos falar sobre a receptividade do clube de Moolooloba que nos recebeu para seus treinos diários com suas equipes; queremos falar do sorriso tatuado no rosto dos australianos que nos recebem incrivelmente bem, e também da longevidade de seus habitantes que mostram um vigor surpreendente para 70/80 anos.
Queremos falar sobre tanto que estamos vivendo, em lugares, comidas, gentes e tudo o mais que se possa viver quando estamos tão longe de casa.
Esta experiência nos uniu ainda mais e admiro muito meu time que nos ajudou a estarmos aqui vivendo tudo isto sobre o que queremos falar!



















quinta-feira, 8 de agosto de 2019

08 de agosto. Mundial de Va a na Austrália 2.019.

Estamos na beirada do mundo, exatamente na beirada do Pacífico. Mooloolaba. Olhando para o mar não identifico qualquer fronteira e consequentemente me deixo levar às beiradas do Rio. Essa talvez seja a melhor descoberta da vida, a inexistência de fronteiras. O amor, a comunicação e o olhar para o outro nos ensina isto.




Não foi nada fácil chegarmos até aqui. Acordar cedo e ver o sol nascer para treinar talvez tenha sido a parte mais fácil. Conquistar a vaga em duas competições realizadas em Vitória da Conquista e Itaipú, Rio de Janeiro foi uma segunda história. O mais difícil foi manter a direção e juntas tentarmos conquistar o direito de estar entre os melhores do va a em um país tão longe que sequer algumas dominam o idioma. O mais difícil foi estarmos aqui agora lutando contra a diferença de fuso horário e dominando a ansiedade de participar do evento máximo de competição do va a.
Diríamos então que já somos vitoriosas pois chegamos!
















Teremos a chance de conhecer pessoas novas, culturas diferentes e remar sobre as águas do Pacífico dentro de uma festa de gentes e cores.



Acordo tres da manhã e me pergunto o que fazer com minha insônia? Chego na varanda e olho o canal pertinho da foz do Pacífico e percebo que está longe de amanhecer.
Mas percebo que o amanhecer daqui é na mesma direção do que o nascer do sol que assisto todos os dias de manhã ao embarcar nas águas do atlântico saindo da prainha do Flamengo. Percebo que junto a mim estão as mesmas pessoas que amanhecem juntas neste embarque. Algumas não embarcarão exatamente nas águas do pacífico no dia 12 de agosto às 7:30, mas com certeza estarão juntas em nosso reconhecimento claro de que são também responsáveis por esta conquista.
Lá fora uma madrugada escura me faz pensar em cada uma: Lucinha, Lolita, Sarito, Ana, Kátia, Vik... e pensando em cada uma misturada no conjunto formando uma só canoa, meu coração aquece e me diz que já somos vitoriosas!