sábado, 8 de janeiro de 2011

07 de janeiro de 2011. O belo exercício da solidão.






Dia de conferir as ondas que vi ontem à noite no Posto 6. Chamei Carlota que não havia remado ontem e cedo já estávamos com Juréia e Janaína montada na areia. O tempo seria curto pelo horário do trabalho, sendo assim não havia tempo a perder.
Chegamos e encontramos Chinês, Léo e Jorge já se preparando para a remada. Mais ninguém.






O mar hoje nem pareceu o mesmo mar de ontem. Na verdade, nunca é. Estava bastante mexido nas pontas, sacudindo as pequenas canoas com bastante vontade.
Mas passando da ponta do leme as canoas fluiram bem. Bastava não deixar a proa apontar para o Posto 6 que podíamos fugir do forte repuxo que as vagas faziam. A mira era então a lage.
Tempo nublado mas sem nuvens e diria que quase sol. Sem vento. Quase sem vento. Águas nem muito frias e nem muito quentes, temperatura suficiente para nos fazer suar sobre a canoa. Mar sujinho, com alguns objetos alienígenas, que um dia foram alguma coisa, pedindo uma alma caridosa que os levasse para o lixo. Infelizmente canoa não tem caçamba e apesar do querer, não tem como resgatar todo o lixo que avistamos.
Não chegamos no posto 6, voltamos do Sorriso. Parecia que era mais um sorriso de sarcasmo nos dizendo que o mar muda a cada segundo. Como esperar as ondas perfeitas que vi na meia noite de Copa?





A volta foi uma solidão só. Carlota veio lá por fora com Juréia e vim com Janaína e meus pensamentos cá por dentro da enseada. Na verdade minha solidão teve companhia, borboletas! Isso, borboletas em alto mar. Avistei ao menos tres, bem coloridas, anunciando que no mar nunca se está sozinha.
Lá longe via Carlota e Juréia sumir entre as vagas.
Mas hoje, apesar de Carlota e de toda a companhia ao meu redor, me senti só. Belo exercício para a alma, aproveitei para contemplar e observar a ama que batia contra o mar depois de cada vaga. O fundo da canoa acompanhava. O mar estava anárquico, não havia muito como remar suave.



Nas pontas das viradas para a praia Vermelha a situação aumentava, era um verdadeiro sacode. As fotografias não dão conta da realidade, até porque olhar de cima transforma a linha d`'agua. Desisti de brigar contra o mar que insistia em estapear Janaína e prossegui, ouvindo o som dos tapas na minha canoa. Sem nada que eu pudesse fazer, segui. Qualquer direção que apontava não conseguia fugir do som dolorido da fibra com o mar.
Carlota já havia virado faz tempo em direção à Praia Vermelha, também exercitava a arte da solidão. Mas observando bem... nossa solidão teve uma companhia bem indesajável ao passar da ponta do leme, o vento! Convicto, constante, aumentando ainda mais o encrespar do mar.












Mas Carlinha saiu feliz com o anarquismo do mar e com a ajuda do Léo. Ela gosta de mar assim.
Mais um pouco, com as canoas limpas e ajeitadas nos cavaletes, já rumávamos para o resto do dia. Dia ganho, mar danado de mexido... mas o trabalho foi cansativo. O cansaço tinha que refletir em algum momento.

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